Eduardo Fonseca
Pintura
Situações…
Entre uma conversa e outra, sempre colecta-se imagens fictícias de acontecimentos do “outro”. Quando tem-se várias pessoas ao redor de um mesa essa possibilidade difunde-se em larga escala criando várias interpretações das histórias. Estas relações são fontes constantes de
inspirações quando o assunto é Pintura. É através delas que procuro construir as composições e situações à base do óleo sobre tela.
Com uma paleta bem particular, as figuras humanas são construídas junto ao entorno sempre reflectindo a personalidade do modelo pintado. Por mais que haja uma actuação deste modelo ele sempre terá seu olhar ou jeito próprios. O Trote (díptico que será exposto na Fábrica) mostra um pouco deste processo: Tem-se uma situação composta de pessoas verdadeiras e ambiente fictício revelando um universo pessoal do artista junto à personalidade de cada modelo representado.
Enfim, a pintura que produzo fala das relações de convívio, situações rotineiras e de um imaginário pessoal que poderia ser perfeitamente verosímil.
Priscila Amoni
Projeto “B.I.” - Pintura
Bilhete de Identidade
A formação da Identidade de um povo está para além das delimitações geográficas e linhas imaginárias criadas através da história, por meio de guerras, conquistas, imposições, escravidões.
Por outro lado é também difícil distinguir as determinadas características que formam uma tribo ou uma família, tornando imediatamente alguém “diferente”.
Para a antropologia, identidade consiste na soma nunca concluída de um aglomerado de signos, referências e influências que definem o entendimento relacional de determinada entidade. É percebida por contraste, ou seja, pela diferença ante as outras.
O projeto B.I. tende a colocar em questão as relações institucionais de identificação do ser humano como cidadão pertencente a um território e, portanto, ‘não pertencente’ a outro.
O passaporte é um documento somente utilizado nas fronteiras, em situação de passagem ao estado de estrangeirismo, o momento em que se está vulnerável ao julgamento alheio e, conseqüentemente, coloca-se o eu em confronto consigo mesmo.
Consiste-se em uma série de pinturas na escala proporcional à foto “tipo passe”, em formato retrato, onde pessoas de todo lugar do mundo, residentes em Lisboa, mostram seus passaportes mas desviam o olhar de modo a não encarar o espectador.
Pedro Rodrigues
“ Estados. PT ” - Pintura
Uma busca incessante de si próprio através de reflexos e reflexões.
Por um espelho objectivo recriam-se estados de almas e experiencias por entre pinceladas soltas como a própria vida.
Paulo Canilhas
‘Organic #3’ - Técnica mista
“Paulo Canilhas percorre um imaginário de constantes e consistentes inquirições. De um pensamento estético profundamente actual, Paulo Canilhas demonstra as potencialidades humanas frente a um material estático, tentando “domesticá-lo” recriando outros campos através das caracteristicas inerentes àquela matéria, compondo assim um encantamento em que o jogo ou os jogos de luz reflectida se tornam objecto de indagação, interpondo-se entre o espectador e a obra criada.”
Álvaro Lobato de Faria, 2009.
“No nosso mundo industrializado, sempre e cada vez mais, a mecanização abafa os mais simples movimentos humanos, a força de braços substituída pela mecânica, o suspiro de cansaço pelos espasmos hidráulicos das engrenagens que tomam conta do nosso espaço do nosso ar.
Esta mudança, por nós instalada, terá um fim quando a matéria inerte se sobrepuser à orgânica a humanidade acabar substituída e as máquinas tomarem o lugar dominante que parece lhes estar destinado. ...e depois? ...pergunto-me, irá a matéria orgânica reconquistar a sua posição? ...haverá capacidade para essa reconquista?
A matéria orgânica terá pela frente uma odisseia, uma batalha titânica na reconquista do seu espaço, num mundo de metal, frio insensível e negro.
Estaremos longe desta realidade?
As imagens que vos proponho em ‘ORGANIC #3’ são a minha visualização desse tempo em que a matéria orgânica, sabe-se lá em que forma, emerge por baixo do frio e tumular metal e tentará ganhar de novo o seu lugar no nosso mundo.”
Paulo Canilhas, 2010