JETKLASSE residência artística

JETKLASSE em Lisboa
Viagem, encontro e exposição da Escola de Belas Artes de Munique (AdbK München)
O Projecto
A residência artística a realizar nas instalações da Fábrica Braço de Prata é uma organização conjunta entre a Akademie der Bildenden Künste München e a Associação Cultural Criaactividade, à qual se juntaram a Faculdade de Belas Artes de Lisboa, a Universidade Lusíada e o Goethe-Institut.
As várias acções programadas entre 25 de Setembro e 19 de Outubro de 2009 contarão com a presença de vinte e cinco estudantes de vários países, que actualmente estudam com a tutora da residência artística, e de dez estudantes da Faculdade de Belas Artes de Lisboa.
O objectivo será ocupar vários espaços da Fábrica com intervenções multidisciplinares que terão em conta a história do edifício, o ambiente no qual está situado e a forma como é experienciado e coabitado actualmente. Pretende-se, em simultâneo, valorizar o processo da criação e reflexão artística contemporânea e o seu envolvimento com o local, tendo como temáticas a reinvenção da lógica dos espaços e a relação com o meio ambiente e seus ocupantes.
A ideia de Imersão Ambiental, sob um olhar poético atento, propõe interagir com os vários ambientes numa dialéctica entre Arte e Património que a Fábrica peculiarmente propicia.

Princípio / ideia do projecto JETKLASSE

A composição de uma academia de artes com pessoas de diferentes nações é, em contraste com as formas tradicionais de expressão, um novo sistema de ensino.
A presença física de cada artista guarda, dentro do sistema cultural em que se insere, as suas as ideias.
Este facto poderá ser um contraponto à velocidade da era digital.
Como forma de arte, esta diferença torna-se cada vez mais importante. Cada artista acaba por investigar a sua descendência, as suas raízes e origens de uma nova maneira. Os encontros imprevistos são considerados como inspiração, simbiose, como uma academia ou experiência virtual.

Um dos princípios de Magdalena Jetelová é a promoção de intercâmbios entre os seus alunos e alunos de outras turmas, com outros de instituições parceiras. Os últimos projectos da plataforma criada para essa finalidade JETKLASSE, foram encontros na Cidade do México (2005), Praga (2004, 2006) e Varsóvia/Gdansk (2007). Em Janeiro de 2008 houve um intercâmbio com os alunos da Norwich School of Art and Design em Munique. Alguns alunos voltaram a expor em Norwich em Maio deste ano.

Os projectos incluem uma publicação em forma de um catálogo, que é produzido pelos alunos.

O ensino académico passa a ser não só encontro, mas também trabalha a ideia de deslocar uma escola para outras localidades geográficas. Esta deslocalização da escola para o meio urbano aumenta o compromisso de trabalhar em grupo e simultaneamente traz novos desafios à criação individual.
Trata-se de criar novas esferas de comunicação, para eliminar preconceitos em relação ao conhecimento e aceitar os outros como forma de enriquecimento da própria percepção. 
Trata-se de uma nova forma de comunicação que se consegue por uma acção concreta de alunos de vários países e culturas.
Sem estes encontros, uma academia contemporânea será impensável.


Tutora:

Magdalena Jetelová (www.jetelova.de)
«Tudo o que vemos só existe virtualmente na fotografia. A inscrição luminosa temporariamente combinada na meia-noite escura com a massa do bunker e da paisagem circundante: a reunião do tempo humano com a natureza, um texto escrito no ponto de sua intersecção..»

Domestication of Pyramids / Vienna, Warsaw, Berlin, Dublin…
Detentora de uma relevante obra de reconhecimento mundial, Magdalena Jetelová simboliza um universo criativo cujo processo observa, desmonta e questiona todo e qualquer preconceito sobre temas como: lugar, história, espaço, ruína, edifício, memória, escala, arquitectura, paisagem, geografia, sociedade ou natureza. Procedendo sempre com uma indiscutível carga ética, quase épica.
Após a conclusão dos seus estudos na Academia de Arte de Praga, começou a reagir à absurda realidade socialista do seu país, com obras que comunicavam de forma codificada, provocativa e irónica. Depois da Primavera de Praga em 1968, o sistema político instaurado, liderado pelo presidente pró-soviético Gustav Husák, continuava a dominar o povo checo, que reagia através do decálogo da não cooperação: não sei, não conheço, não direi, não tenho, não sei fazer, não darei, não posso, não irei, não ensinarei, não farei!.
Magdalena também reagiria a este ambiente explorando tendências opostas, como o racionalismo e o irracionalismo ou a estabilidade e a instabilidade em intervenções espaciais, através da criação de colossais objectos do quotidiano, como mesas, cadeiras e armários de madeira, assim como escadas que não levavam a nenhum lugar ou concebendo casas inabitáveis. Afirmando desta forma ambígua que «as coisas não funcionavam».
Como quase todos os artistas da sua geração, as suas intervenções artísticas começaram a ser feitas em espaços alternativos como quintais, fábricas ou estúdios, minando o sistema de exposições oficial que protegia uma arte que não o punha em causa e que era assim favorecido por ela.
O abandonar do espaço do Museu acabou por ser determinante no seu posterior desenvolvimento artístico. Ao explorar os locais mais abertos da natureza a sua obra passou a pesquisar semanticamente a experiência do espaço e do tempo. Estas experiências tornaram possível o seu retorno aos museus, onde passa a exibir obras que transformam a arquitectura desses espaços pelas suas intervenções excepcionais.
Magdalena Jetelová interessa-se pela conexão de lugares distintos no espaço que não é um vazio, mas um lugar de intercâmbio e trânsito, onde a colocação de materiais é sempre conseguida através de uma complexa rede de relações.
Entre 1990 e 1993 faz várias instalações, associando várias categorias que incorporam elementos arquitectónicos e paisagísticos. Sua filosofia artística combina elementos do construtivismo com outros elementos da arte povera e da landart.

Nos últimos anos, Magdalena Jetelová realizou projectos nas mais diversas realidades culturais e geográficas, da Europa aos Estados Unidos, América Latina e Austrália – integrando-os sempre com uma consciência transformativa essencial e vital no que se experiencia do espaço intervencionado como um universo com significado e a significar, mediante a efemeridade das suas actuações.
Paralelamente aos materiais tradicionais Magdalena Jetelová tem usado cada vez mais nas suas intervenções e instalações, meios electrónicos, como o vídeo e o laser, intervindo em edifícios ou em paisagens com o auxílio dessas tecnologias avançadas, a fim de expor a sua estrutura e a sua história, confrontando o passado com o presente, a ideia com a “realidade”. Uma poderosa atitude multidisciplinar interage, demonstra e questiona os princípios estabelecidos subjacentes ao meio, sobre o qual actua.
Estas intervenções são normalmente de carácter efémero e tocam os temas do lugar nos limites da estética, filosofia, literatura e história. São sempre desafios simultaneamente perceptivos, conceptuais, políticos e acima de tudo humanos, que encontram na Luz um material fundamental na estratégia expositiva. Neste processo, o registo fotográfico assume extrema importância como documento para a posteridade, testemunhando as inesquecíveis transfigurações perceptivas da leitura dos espaços transformados, que vão além do mero exercício formalista. É desta maneira que a acção de Jetelová recorre, cruza e marca um espaço que não concebe  de forma inerte, sem que haja a descoberta e o re-imaginar, trabalhando essencialmente com a luz.
A artista desenvolve os seus projectos com uma convicção e uma perícia notáveis, onde a  naturalidade e a invenção, nunca perdem a noção de uma transformação espacial enquanto um todo significante.
Em 2006, durante o Ateliê Desenhar a Luz no âmbito da Luzboa – I Bienal Internacional da Luz em Lisboa, Magdalena Jetelová desenvolveu em conjunto com os participantes uma intervenção no Aqueduto das Águas Livres em Lisboa, em que o monumento era pensado como um todo, das nascentes aos chafarizes, no seu enquadramento simultaneamente rural e urbano, salientando a sua importância arquitectónica nacional e internacional.

Magdalena Jetelová nasceu em 1946 em Semily, na antiga Checoslováquia;

Entre 1965 e 1967 estudou na Academia de Belas Artes de Praga, passando pela Accademia di Brera, Milão (1967-1968), onde estudou com Marino Marini, terminando os seus estudos em 1971, novamente em Praga; Em 1985, ganha uma bolsa de estudos e muda-se para Munique, na Alemanha; Vence em 1986 o concurso Philip Morris, ano em que realiza os seus primeiros trabalhos com projecções laser para suprimir as fronteiras espaciais e criar novos pontos de orientação no espaço; Expôs na Documenta VIII em 1987, aceitando no ano seguinte o cargo de professor visitante na Academia de Belas Artes de Munique;  Lecciona na Academia de Verão de Salzburgo, em 1989. De 1990 a 2004 foi professora na Academia de Arte de Düsseldorf; Em 1992, tornou-se membro da Academia de Artes de Berlim; Foi consultora do Conselho do Castelo de Praga entre 1993 e 1995; Desde 2004 é professora na Academia de Belas Artes, em Munique e a partir de 2008 torna-se professora-visitante da Academia de Belas Artes de Praga. Para além do prémio citado, venceu o prémio Glockengasse (1988), Colónia; o prémio de Arte Overbeck (1988), Lübeck; o prémio de arte de Darmstadt (1989); o prémio Max Lütze (1991), Stuttgard; o prémio Robert Jacobsen (1997), Museum Würth Foudation; o prémio Jill Watson por realizações transdisciplinares em artes e arquitetura (1999) e o prémio Erftkreis (2002).
Acções na FBP.

1 Outubro – 8 Outubro

Desenvolvimento e execução das propostas dos participantes na residência artística com o apoio dos artistas Magdalena Jetelová, Carlos de Abreu e Fabrice Ziegler.

9 Outubro

Inauguração da exposição na Fábrica Braço de Prata.

9 Outubro – 23 Outubro

As propostas desenvolvidas em torno das atmosferas dos vários espaços estarão abertas ao público, que poderá também interagir com os artistas.

Acções paralelas 

Acções na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa.

Workshop coordenado por Magdalena Jetelová e José Quaresma na EBAL.

Cooperação com o Goethe-Institut 
Goethe-Institut de Lisboa - Dia 30-9-09 - 19.00h
Jantar/convívio para debate de ideias entre os participantes da Jetklasse e os alunos da Escola de Artes Visuais Maumaus, que desenvolveram o projecto «Arminda», em residência artística, no Goethe-Institut de Lisboa.

Universidade Lusíada de Lisboa - Faculdade de Arquitectura
Dia 06-10-09 - 18.00h

Conferência na Universidade Lusíada com Carlos de Abreu e Magdalena Jetelová.
Moderação: Samuel Roda Fernandes.
Participantes da JETKLASSE

Escola de Belas Artes de Munique (AdbK München):

Jürgen Böhm, Johannes Brechter, Seung Il Chung, Gerald Demetz, Florian Ecker, Johannes Evers, Vincent Faciu, Froese, Mike Herbig, Simone Kessler, Chi-Shin Kim, Se Youn Kim, Shin-Ae Kim, Christoph Kragl, Florian Lechner, Yutie Lee, Tassilo Letzel, Teo Lingner, Dana Lürken, Julika Meyer,  Anuk Miladinovic, Katharina Pabst, Minyoung Paik, Diego Perathoner, Tamara Pridonischvilli, Janina Roider, Matthias Trager, Björn Wallbaum, Moritz Walser, Dominik Wandinger, Susi Wiedemann.

Escola Superior de Belas Artes de Lisboa (ESBAL):

Nuno Miguel Gil Rodrigues, Gina Maria Fernandes Martins, Jorge André Bernardo Catarino, Joana Filipa Almeida Gomes, Helena Sofia Pires Ferreira, Vanja Smiljanic, Nuno Gonçalo, Cavalheiro Paixão, Domingos Manuel dos Santos Gomes, Joana Vilela Lopes Pereira, João Sousa.

Ficha técnica

Coordenação do projecto:

Carlos de Abreu
Samuel Roda Fernandes

Responsável pela Akademie der bildenden Künste München:

Magdalena Jetelová

Responsável pelos projectos apresentados pela Faculdade de Belas Artes de Lisboa:

José Quaresma

Coordenação residência e exposições – Fábrica Braço de Prata:

Fabrice Ziegler

Responsável pela Fábrica Braço de Prata:

Nuno Nabais

Coordenação de produção – Fábrica Braço de Prata:

Patrícia Freire




Território de intervenção








Trabalhos de estudantes da classe de Magdalena Jetelová.

Chi-Shin Kim, 24 anos – Coreia do Sul, 2o semestre

Transformou o seu próprio desconhecimento da lingua alemã em imagens montadas e apresentadas em vídeo introduzindo frases básicas perceptíveis para os estrangeiros.



Eu só queria ser desportista (acção 
espontânea durante uma reunião da classe).


Dana Lürken, 33 anos, Alemanha 

Trabalha com a transformação de vários materiais, respeitando a própria conotação do material à procura da metáfora, da mistura da obra e do próprio espaço onde a peça é visível.

 Mesa, óleo de motores, talheres

 Jardinagem, flores

Formas de papel natural

Jürgen Böhm, 34 anos, Alemanha

Explora o sentido dos código de barras, interagindo com os visitantes. Criou um programa informático que detecta certas palavras por meio de códigos de barras, criando assim outros significados em forma de frases.




Susi Wiedemann, 23 anos, Alemanha

http://www.myspace.com/susigelb/, http://www.youtube.com/SusiGelb,
http://sentsem.wordpress.com/,    http://www.flachware.de/susi-wiedemann/




Nele Müller, 30 anos, Alemanha

Transforma materiais típicos de construção em objectos que provocam mal-estar e inconveniência desconforto aos espectadores.
Reage ao espaço de exposição com uma atenção às formas específicas da arquitetura, descobre formas escondidas, modificando a forma do espaço com os materiais com que é construído.

 Colchões de lã de vidro

 Tábuas de madeira sob tensão
 com cintos de aperto

 Projecção de arco de luz (vídeo)

Tecto desmontado e deslocado em forma de pirâmide

Mike Herbig, 34 anos, Alemanha

Demonstra a forma dos objectos do quotidiano, exagerando qualquer um dos seus detalhes ou a própria peça.


Gira-discos da RDA com disco quadrado


Schlüsselfunktion


 Shaker

Vincent Faciu, 32 anos, Roménia

Trabalha com materiais típicos de meios pobres, sobretudo da antiga zona de Leste. 
Desmonta e remonta ironicamente objectos aos quais lhe retira o sentido.

Modelo para uma arma

 

 Poço disfuncional

Julika Meyer, 24 anos, Alemanha

Através do desenho tenta descobrir novos sentidos de imagens móveis, copiando e redesenhando num curto espaço de tempo (1 minuto) imagens de filmes. Trabalha com fotomontagens de edifícios banais produzindo com as suas imagens postais ilustrados.


 1 frame de um filme

 Jardinagem, flores

 Arquitectura em Munique

Postais de Tirana

Theodore Hofmann



Lissabon should i stay or should i go copy

Very near 1


Johannes Evers, 30 anos, Alemanha.

2005 estuda escultura em Herman Pitz ao AdbK Munique. Vive e trabalha em Munique.


 David contra Goliath, Vídeo 6”, 2009.


Laoocoon, Vídeo 3’’, 2008


Pieta, Vídeo 4’’, 2009.

Stilleben, Vídeo, 2009.


Se Youn Kim







Shinae Kim


Eine Lampe in zwei Räumen


Two Possibilities of Distance


Um ein Problem zu finden


Teo Lingner, 32 anos, Alemanha.


BLACK OR WHITE
videoinstallation
2009



 „6000 Jahre München“,  Vídeo, 2008

 24 Vorschläge für das soziale Ganze, 2008.

Wunderkammer, 33 Knoten (mixed media), 2009


Minyoung Paik, 22 anos, Coreia do Sul.

Transformação de uma rua europeia com
arquitectura  asiática (fotomontagem)

 Provas de design e arquitectura, papel


Provas de modulação do seu quarto, papel


Seung-Il Chung, 30 anos, Coreia do Sul.

Tanto em escultura como em vídeo/multimédia, procura intensamente a exploração de novas combinações de materiais e formas.         

Montagem de imagens com esponjas
azuis, usando a tecnologia blue screen
 Pedaço de queijo, arroz, styropor

Vídeomontagem


Tassilo Letzel, 32 anos, Alemanha 

Improvisa em múltiplas áreas do quotidiano, tomando grande atenção às curiosidades que se lhe deparam no dia a dia.       


 Conjunto de ganchos tradicionais 
 Montagem de objectos pendurados com 
ganchos idêntica à imagem da embalagem dos ganchos

 Foguete aparafusado na parede
Círculo na parede


Christoph Kragl, 26 anos, Alemanha

Interesse pela instalação com diferentes objectos e em diferentes estilos.


 Cassetes de vídeo

 Máscaras de cabeças reduzidas



Ben Goossens,  Alemanha








Gina Martins, 25 anos, Portugal


 S/ Título
(DEs)- Construção 
 Carinho entre dedos II
S/ título


Helena Ferreira , 27 anos, Portugal



 Escrita em espelho

 Utopias várias

S/ título


Joana Gomes , 23 anos, Portugal


 Janela Indiscreta

 Fardo I

 Projecto Casa-museu Anastácio Gonçalves

Sogra


João Sousa, 23 anos, Portugal.

 Insular universe , 2008


Grass trimmer, 2009


S/ título - work in progress 2008


Joana Pereira, 25 anos, Portugal 


 S/ título

 Espaço I

Corpos - Video Instalação


S/ título


Jorge Catarino, 24 anos, Portugal


 Auto-retrato com gorro


 Auto-retrato com casaco

Auto-retrato


Nuno Paixão, 24 anos, Portugal 


Tinta acrílica e parafina


Tinta acrílica e parafina

Técnica mista sobre papel

Nuno Gil, 26 anos, Portugal 


 S/ título
 S/ título
S/ título