Julho 09

Carla Mendes Pedro Teias da Ega
Escrita de Luz - Fotografia e Texto
“Escrita de Luz” é um projecto conjunto que parte da interligação entre duas áreas artísticas, a fotografia e a literatura, abordando uma mesma “história” segundo duas perspectivas distintas. Cria-se um paralelismo entre o que o fotógrafo primeiro vê e o que a palavra depois descreve. 
A imagem ilustra a palavra, enquanto esta dá corpo à primeira. Individuais mas complementares, há uma fusão entre duas visões, passíveis de originar múltiplas interpretações.

O conceito foi dividido em três secções, cada uma delas com três imagens, num total de nove composições. Apesar da linha condutora que une umbilicalmente a totalidade das imagens, cada uma destas (imagem e texto) tem uma existência, lógica e significado individuais, sendo por isso passíveis de apreciação e interpretação independentemente do conceito geral onde se inserem.

Imagem e palavra, unem esforços para despertar consciências, sugerir introspecções, propor revoluções, oferecer sensações, e receber críticas. 






Henrique Reis

Exposição de Pintura

Imagens plenas de vitalidade, de cor e de formas predominantemente fixadoras de olhar alheio que nelas se demora e repousa de maneira inexorável, cativado por uma paleta que tudo parece abarcar. Formas denunciadoras de uma exposição de vitalidade e percepção de um mundo recriado, num permanente exercício de demonstração de toda a força e capacidade inventiva do Ser Humano presente na eterna perscrutação do total domínio e manipulação da realidade circundante mediante a sua mutação interna, perfeita de aparências externas. Visões delatoras da consciencialização interior do sentir mais profundo do poder criador do Homen, elas atraem o observador atento induzindo ao seu reconhecimento, à descoberta, ao dialogar permanente com o objecto analizado. Primariamente surpreendido o seu olhar será paulatina e irremediavelmente atraído e fixado no objecto ao mergulhar no mais intimo dessas novas dimensões imageticas, recriadas e sobrepostas sempre de forma plenamente arrebatadora, de terminada e determinante, numa evocação constante de mundos inimaginados, desejados, valorizados e, em ultima instância, materializados, quando não mesmo utilizados. Atraído por toda uma vasta gramática de cores e de formas, o olhar do ”outro” vagueará interiormente por um mundo repleto de sensualismo, numa interminável elegia ao remanescente elemento feminino como elo harmonioso da existência.
Através deste constante dialogo, desta infindável permuta de sentires diversificados e, por vezes, divergentes, percepcionar-se-á toda uma sedução, encanto e beleza inerentes à criatividade humana, plasmada na manipulação da própria Natureza que a concebeu e a encerra, mormente quando usufruída de maneira inofensiva e o seu resultado se tornar verdadeiramente imprescindível a todo um meio que ambicionamos intensamente vitalizado, diversificado e humanizado. 
Henrique Reis








Liisa Kruusmägi
Pieces of Portugal - Desenho e Pintura


Trabalhos efectuados durante o meu estudo de pintura em Lisboa. 
Desenhar sempre foi a minha forma de expressão mais directa, seja a ver, ouvir ou sentir.
Não copio a vida real, mas o que faço representa parte da minha própria realidade.
Os meus trabalhos são mistura de diferentes pessoas, lugares, coisas e cores que vi, aqui.
Todos têm a sua história para contar. Histórias acerca de pessoas na grande cidade, onde há de tudo. Daí a minha intervenção em papel de revistas ou a partir do que me rodeia, aqui na grande cidade.
Sou uma jovem artista da Estónia, a estudar pintura. É a primeira vez que estou em Portugal e estou a gostar. Lisboa é muito diferente das cidades onde já estive. Paira no ar qualquer “coisa” de místico e impressionante para as artes.
Liisa Kruusmägi






Mário Oliveira 
Janus - Uma face virada ao passado, outra ao futuro - Pintura

Relembrando com saudade Eduardo Prado Coelho, evocamos, através da pintura, os rostos de personagens que marcaram a nossa geração e que fazem parte da história recente.
São também os rostos dos nomes que povoam as salas da FBP. Através deles confrontamo-nos com toda a carga de subjectividade e polémica, de amor e ódio, de certeza e dúvida, que ainda hoje nos habitam.
Celebramos assim os Mestres e o aniversário desta casa.
Mário Oliveira




RUI MANUEL JORDÃO

Exposição de Pintura





A DOR DE DENTRO                                        

Sopram ventos de poeira, 
Molhada           
Na boca cheia até ao ventre,
de barro  
A herança da flor, 
de dentro                       
De novos entes da criação









abertura3: the lock








abertura é um evento com duração de um dia com performances, apresentações e 




instalações por artistas nacionais e internacionais, sobre VJing e performance audiovisual 


em tempo real. Esta terceira edição toma o nome de «abertura3: the lock»,  e no seu 








decorrer o tema «Hacktion» será desenvolvido bem como a acção relacionada com 






activismo, recorrendo ás tecnologias disponiveis e à energia de várias comunidades, colectivos e de vários projectos colaborativos que se têm vindo a construir. Este evento é também uma combinação entre os temas das edições anteriores:  tecnologias e comunidades, colectivos e colaboração. abertura3 apresenta uma grande variedade de estratégias onde a performance 






audiovisual em tempo real é utilizada como forma de causar impacto global pela sua 






expressão e disseminação. O evento tem um componente experimental muito forte e esta terceira edição mais uma vez trás a Portugal uma grande palete de trabalhos e pessoas dentro desta área e a desenvolver trabalho dentro deste tema.





Tu és a chave, abertura 3 é somente uma fechadura... este é um convite para te ligares,  e 






utilizar a informação disponivel da forma que quiseres.
















JOANA VILLAVERDE

JE VOUS GARDE

Pavilhão Branco, 
Inauguração 09/07  Exposição Julho e Agosto de 2009






...I pass death with the dying and birth with new-wash’d babe…
…I am not an earth nor an adjunct of an earth,
I am the mate and companion of people, all just as immortal and fathomless as my self,
(they do not know how immortal, but I know)
Every kind for it self and its own, for me mine male and female…
… Undrape! You are not guilty to me, nor stale nor discarded.
I see through the broadcloth and gingham whether or no,
And am around, tenacious, acquisitive, tireless, and cannot be shaken away.

Walt Whitman - In Song of Myself






DESCRIÇÃO DO PROJECTO







JE VOUS GARDE 
Podia ser o nome do projecto.
São pessoas, pessoas pintadas, pessoas do tamanho real, de corpo inteiro, umas mais perto umas mais longe, umas mais escuras umas mais claras, todas olham para nós.
Todas são pessoas que me apareceram, que me desapareceram. 
Quero tê-las todas na mesma linha, na mesma fila, como se fosse um retrato de família, uma fila de execução. Uma fila de apresentação. Uma fila de agradecimento.
Em tempos diferentes, uns mais tempo que outros. Todos desaparecemos, todos aparecemos 
Estão todas despidas, sem roupa. Sem artifícios.
Pessoas que vi e que desapareceram da vida. Pessoas que vi e que apareceram na vida. 
São pintadas em barras de óleo sobre tela, a tela é do tamanho de um corpo e desenrolada até ter o comprimento de um retrato conjunto. 
Gostava que dessem a volta à sala. Não há nenhum ponto de vista ideal, todos são o ideal. 
Outra vez, como sempre no meu trabalho, este é também uma narrativa, uma história de sensações, contada numa só imagem, num só sítio.
Como se se pudesse fotografar uma história. 
Joana Villaverde
Lisboa, Junho de 2007













Esta foi a carta que enviei a pelo menos a vinte pessoas que queria que estivessem nesta tela. Para que não me desapareçam.

Não sei porquê mas quando vejo este trabalho, vejo-o como uma homenagem ao teatro, ao teatro no momento em que os actores se despem dos personagens e nos olham quase nos olhos e nos agradecem por termos estado ali. Por os termos visto trabalhar, por os termos visto representar um personagem, uma vida. 

É o momento, em que nós espectadores, nós também nos expomos, actores espectadores na mesma cena. Duas cenas, dois palcos. No mesmo teatro. 

É quase como se fosse um outro espectáculo, onde se lê, se sentem as mais diferentes reacções. É um momento onde se podem condensar todas as emoções.

Este meu trabalho pode ser uma representação desse momento. É também uma homenagem a esse momento. Ao teatro, efémero como as pessoas.

Estas pessoas são pessoas reais, são de carne e osso, quero-as despojadas de todos os artifícios que possam existir, quero-as cruas, quero-as de igual para igual, quero-as animais, quero-as seres vivos que acabam. Acabam por morrer. 

Quero guardá-las neste instante vivas e com corpo. Quero o gozo, a força de desenhar corpos nús. Não está a ser fácil. A nudez  perturba-os.

Tenho pedido a cada um que me envie uma fotografia de corpo inteiro, a olhar para a frente, a olhar para nós. As reacções são diversas, e temos discutido muito, a tal ponto que cheguei a duvidar que era isto que tinha que fazer. Por sentir que a identificação se transforma num problema, por sentir que existe neste trabalho também um investimento muito grande dos outros.

Sei que ainda tenho muito para aprofundar, se de facto as tenho todas na mesma posição, se são reconhecíveis (não me interessa que quem veja este trabalho acabado, reconheça algum retratado), interessa-me sim que eu reconheça.

Quero trabalhar o meu reconheci 












mento de um corpo nú, do corpo da pessoa que retrato, sem que seja óbvio para todos. Não sei ainda como é que isso se faz (se calhar têm mesmo que ser reconhecíveis).

Quero construir uma bancada, uma plateia. É daí que vemos esta tela. É daí que participamos nela. 
Não, não é um lugar especial para que se veja a obra.Não, não é um miradouro mas sim uma peça inteira.

jvillaverde@mac.com