Miguel Figueiredo
HÁ MATÉRIA NO AR - Exposição de Escultura
As vidas e as “coisas” mudam. E este meu último trabalho de escultura representa uma mudança, uma passagem. È a própria matéria que me conduziu a esta mudança. A relação que se criou com o ferro - esta nova matéria – permitiu-me explorar as estruturas, organizando e dispondo, quer pela estética quer pela solidez, varas de ferro. Dependentes e solidárias umas das outras, elas criam um todo, uma forma, ocupada e às vezes comandada por personagens. Embora sólida, a leveza destas formas levou-me a suspendê-las no ar. Com os pés na terra e as estruturas no ar, é fácil apanharmos uma boleia e viajar.
João Brehm
EYES ONLY - Pintura
EYES ONLY: expressão utilizada actualmente pelos serviços secretos e pela administração norte americana para classificar os dossiers ultra confidenciais, de acesso muito restrito, e que veio substituir os termos Secret, Top Secret, etc. Trata-se de um título provocador de uma exposição sobre matérias que têm sido pouco exploradas pela arte contemporânea: os macro e microcosmos.
Tendo-se interessado pelo universo cósmico desde as suas primeiras obras (Volumes no Espaço, 1969-70) e com passagens pela land art (A Viagem, 1973), arte conceptual (1974) e estudo de paisagens extraterrestres (Além-paisagens, 1971-77), o autor, servindo-se propositadamente dos meios mais tradicionais (a pintura), desenvolveu nos últimos anos um sistema pictórico à base de pontos, utilizando sprays, vários tipos de projecção de tintas, cores metalizadas e fluorescentes, e diversas outras técnicas exploratórias, em que os pingos de tinta não são apenas resultado aleatório de uma expressão abstracta ou puramente visual mas, pelo contrário, objectos concretos.
Tudo o que existe é constituído por pontos (átomos, partículas, planetas, etc) e o infinitamente grande obedece às mesmas leis que o infinitamente pequeno.
Eyes Only é composto por vários pólos:
Os Galactic Charts são pinturas em que o autor ironiza sobre a impossibilidade de classificação de todas as coisas reais e imaginárias. Nestes trabalhos (de uma série de 20 realizados entre 2005 e 2007) o artista cataloga estrelas, galáxias e outros corpos celestes criados por si, numa atitude poética de confronto entre a ciência e a arte. Na montagem desta exposição constituem um contraponto às Expanded Galaxies, que são trabalhos mais recentes.
Cosmic Points (2007-08) são uma amostra do levantamento de vários sectores do universo usando diversas formas de tratamento do espaço e da cor, no seguimento de Katalog-Catálogo dos Corpos Celestes, obra ciclópica iniciada em 1978 e em construção permanente. Daqui a ideia de tríptico (Light - Counterlight - Reflexion) que utiliza diferentes conceitos do uso da pintura.
As Expanded Galaxies são recriações das chamadas galáxias gémeas, a Via Lactea (2008-09) e a Andromeda (2009), tratadas no entanto de forma muito diferente. Uma de perfil e a outra numa perspectiva impossível de ser captada da Terra: vista de “baixo” como que observada de um ponto do espaço oposto e simétrico ao da Terra. São 13 painéis propositadamente separados por 13 cm (não está o universo em expansão?).
Em NeutrinoPhaseOne (parte de uma série de 28 trabalhos de 2009 e ainda em curso) o autor debruça-se igualmente sobre o mundo sub atómico. Durante muito tempo julgou-se que os neutrinos, partículas de carga nula e massa muito fraca (são infotografáveis), eram a componente essencial do universo. Nestes trabalhos, a tela é abandonada em prol de uma superfície totalmente rígida e lisa onde se cria um universo metalizado, sem atmosfera nem vácuo, um sistema em que a profundidade do espaço, o movimento aparente e a luz, possam existir.
Os Stellar Atlas (livros pintados à mão desde 2005 e sempre em construção) são cadernos de estudos onde muitas das experiências são registadas.
Mónica de Morais
Exposição de Gravura
“Nestas gravuras de Mónica Morais – águas-tintas, águas-fortes e pontas-secas – conta-nos ela as divisões mais interiores e mais íntimas da sua psique, servindo-se para isso das metáforas naturais do pequeno ramo que baloiça ao vento, da folha que adeja imperceptível com asa, da sombra que se esbate no muro, até na brisa que no ramo se adivinha. Magnífica de interioridade é a cor com que veste estas gravuras, velhos verdes de câmaras obscuras, velhas ferrugens das oxidações do tempo, que conferem às figuras a pausa reflexiva, o acto meditativo que é a passagem pelos salões interiores de alguém.
Nesta sua capacidade de parar o tempo para pensar, ou meditar, muito aqui vejo de uma influência oriental, neste caso concretamente japonesa, onde a arte sempre foi tomada no propósito de fazer melhor a aparência das coisas e dos entes, ao contrário do que no ocidente se pretende, tentando sempre fazer diferente aquilo que afinal é igual e apenas difere no sentimento de cada um.”
Jorge Guimarães
Alexandre Rola
HOME+ - Exposição de Pintura
“ O leitmotif deste trabalho subjaz à angustia humana diante de temas insolúveis como os sem abrigo que habitam as ruas e que dormem em caixas como se pedissem que os enviassem por correio para outro sítio que não este.
Valorizar a “dramatis personae non grata” com o seu phatos quase premonitório é o intuito desta minha série de pinturas.“
Alexandre Rola
Joao Paulo Nasri
CAFÉ EUROPA - Exposição de Fotografia
De acordo com George Steiner, uma ideia da Europa pode ser construída tendo o conceito do café como pano de fundo. O café onde uma conversa começa ou uma novela acaba.
Marcando num mapa do mundo os locais onde existem cafés desenhamos o mapa da Europa.
O trabalho apresentado enquadra-se em fotografia artística aproximando-se de uma consciência sociológica. Talvez até um outro olhar à fotografia documental. Usando a técnica digital de dupla exposição, o autor está interessado no espaço gerado entre duas imagens numa mesma fotografia. Este trabalho fotográfico foi realizado entre Lisboa e Istambul (2003-2009), duas capitais europeias que, embora a distância, partilham de uma
mesma atmosfera.
Nasri documenta situações, experiências e perspectivas. Em Abril de 2006 foi convidado a apresentar este projecto no festival Test7 em Zagreb. Nos últimos anos passou por cidades e instalações: Ljubljana(2007-09), Sarajevo (Festival Internacional Sarajevska Zima 2009). Chega finalmente a Lisboa, na sua terceira e última fase, para depois seguir em 2010 para Istambul enquanto capital europeia da cultura.