Os Suspeitos
Colectivo - Fotografia
(4 de Novembro a 12 de Dezembro)
Uma fábrica de armamento, desactivada desde a década de 90, converte-se numa fábrica de cultura e, arriscamos, num local único que congrega a experimentação, a partilha e o sonho de realização artística.
Na continuação do projecto que tem vindo a ser desenvolvido e que agora conhece o seu II Acto, os suspeitos, trabalharam fotograficamente e em exclusivo neste espaço multifacetado, ensaiando diferentes olhares e apresentando propostas criativas tão diversificadas como a sensibilidade particular dos seus autores.
A descoberta deste lugar singular é o desafio proposto para que, partilhando uma intimidade, não fiquemos assim tão longe da Fábrica Braço de Prata.
Os suspeitos são:
Gualter Franco, Helena Castro Esteves, Hugo Rodrigues Cunha, Isaac Pereira, João Gaspar, João Miguel Baptista, Maria Lopes, Rui Velindro e Vera Bello.
apoios
Gualter Franco
Há cerca de dois anos, ando a desenvolver um projecto em torno do conceito “estranho”. Uso a auto-representação para criar séries e variações do tema. Esta série especial teve como cenário de fundo uma parede do Braço de Prata.
Hugo Rodrigues Cunha
Escala
Intervir no local usando o que está e lembrando o que foi e o que é. A pólvora esgotou-se com o tempo. No seu lugar vão aparecendo muitas coisas. Metade de um dos muitos edifícios transforma-se numa outra Fábrica. Do todo ficou 1/300.
Isaac Pereira
Regresso
Tu e eu. Um corpo, uma máscara. Um regresso é sempre uma eterna partida. Um destino, uma canseira, depois de já ter dito Não. Regressar: tornar possível o que se afasta. Fugir às garras do outro, libertar-se do olhar do outro, partindo de si.
João Gaspar
Rote Fabrik
No silêncio da noite, um assassino ataca. Secretamente entre olhadelas furtivas e um cigarro, o criminoso antecipa o momento da estocada. A incauta vítima cai ao chão com uma pancada surda. O corpo é arrastado escada acima para o segundo piso. A arma é descartada, as impressões digitais apagadas...
...o seu rasto fica guardado à sombra da Suspeita...
João Miguel Baptista
Comecei por ser um estranho. Um visitante. Uma expectativa. Pacientemente cheguei onde queria. Senti o que este lugar representava para mim. Hoje posso dizer: eu também pertenço aqui.
Rui Velindro
Spatia
Percorre a Fábrica Braço de Prata, observa o sítio, imagina como era e como é. Pensa no que vês; olha como os artistas de agora complementaram os mestres de antigamente. Vê as imperfeições, o antigo debaixo do que foi pintado de novo, procura a história do edifício através do teu olhar e confronta-a com o presente. Junta os dois espaços temporais usando a tua imaginação. Procura...procura...procura: o estético, o perfeito ou o imperfeito, um sentido, o abstracto... Respira o espaço observa a passagem do tempo. Assim, vês o que vejo.
Helena Castro Esteves / Maria Lopes / Vera Bello
Uma casa, um baú de momentos que já existiram, que alguém viveu e que desapareceram.
Uma casa que como todas as outras conta muitas histórias. A que vos vamos contar é aquela onde habitam personagens que até agora só viviam no imaginário de cada uma.
Essas personagens têm cor, forma e mais forte do que tudo isso que é visível, têm um mundo que lhes pertence, mundo que em cada passo se revela. Revela-se no seu confronto fisico em cada sala, na subida de um escadaria, na pausa feita em espaço aberto, longe ou perto, mas sempre atravessadas pela ligação da emoção que deixam escapar.
O que querem elas dizer?
O que são.
E como são? Estando.
É nesse fazer que sempre precede o Ser, que as vamos encontrar deambulando de olhos abertos ou fechados, sisudas ou atentas em caminho aberto pela Casa.
Helena Castro Esteves
Maria Lopes
Vera Bello