Lúcio
TEATRO DE SOMBRAS - Desenhos, grafite sobre papel
“Cabe-lhe dizer ao momento o “Fica, tu que és tão belo!” do Fausto de Goethe: captá-lo e fixá-lo tal como surge ou moldá-lo até o querer largar da mão.”
Incidências de um olhar, Vera San Payo de Lemos
FABRICE ZIEGLER
Retrospectiva Retratos à Sexta - Ano 2
Exposição retrospectiva do segundo ano do projecto RETRATOS À SEXTA, da autoria do fotógrafo Fabrice Ziegler, que decorreu na Fábrica Braço de Prata, entre Outubro 2007 e Julho 2009.
Neste projecto de pesquisa visual, que utiliza a fotografia como medium e o retrato como tema, o fotógrafo disponibilizou-se, quinzenalmente e às sextas-feiras, para retratar quem assim o desejasse. Ao longo das 45 sessões, onde se propuseram temáticas variadas, foi possível dar continuidade a uma experiência larga e criativamente participada, que pretende questionar o sentido do retrato contemporâneo, num contexto particular.
www.fabriceziegler.com http://retratosasexta.blogspot.com fabriceziegler@clix.pt
Nica Paixão /
Dulce Surgy
As Mutações da Memória - Fotografia e Leitura
O projecto “As mutações da memória” nasceu da necessidade de explorar o conceito da característica multi-real da imagem.
Na verdade, já muito se disse sobre a multiplicidade de leituras praticáveis a partir da mesma fotografia; tantas quantos os que a vêem. Contudo, o nosso contributo no vincar desta perspectiva, pretende alargar-se do texto como suporte literário da imagem para a construção duma narrativa independente, uma das mil visões possíveis, a partir de uma série fotográfica, que não é, ela mesma, mais do que um conto sem palavras.
Tornou-se paradoxal este querer ir mais além na procura da ligação texto/fotografia, uma vez que ao dar à escritora, apenas a partir do tema da série conceptual e da sua visualização, a possibilidade de criar uma história totalmente livre da influência da fotógrafa, nascem dois espaços que, embora se enriqueçam na presença um do outro, são autónomos e valem por si só.
No fundo, não se tenciona que cada imagem seja compreendida pelo texto ou vice-versa, mas antes, deixar o espaço aberto para o nascimento de novas narrativas a partir do trabalho fotográfico, e mesmo, imaginar novas imagens no decorrer da leitura.
O tema central desta narrativa prende-se com a dualidade percepção individual/realidade.
As memórias que cada um trás da sua infância, vão sendo reconstruídas, mutadas à medida do passar dos anos e do adensar de experiências. Os nossos primeiros anos reinventam-se sob novas perspectivas, deixando de ser aquilo que na verdade foram, passando a percepções próprias e particulares.
Ricardo Cardoso
Morro no altar de mim - Exposição de Desenho
“De que te serve o teu mundo interior que desconheces? Talvez, matando-te, o conheças finalmente…Talvez acabando, comeces…”
Fernando Pessoa
Este Projecto surgiu da ideia de egocentrismo, andar em torno de si, e a dado momento vai existir uma quebra, um sair de si que coincide com o momento em que se constrói conhecimento a partir do exterior. Tal como menciona Jacques Bossuet “No Egipto, as bibliotecas eram chamadas ‘’Tesouro dos remédios da alma. De facto é nelas que se cura a ignorância, a mais perigosa das enfermidades e a origem de todas as outras.”. É partir deste conceito que se vai fundamentar o inicio da desindividualização do ser, Sidonie Collete “Conhecer aquilo que dele estava escondido é, para o homem, a embriaguez, a honra e a perda de si próprio”. Desta forma pretende-se questionar o acto criativo e qual a importância da intelectualização para que o artista possa criar a sua arte e deixar assim marcadas as suas
experiencias.
O corpo neste trabalho apresenta-se como um factor importante da individualização do indivíduo, principalmente nos primeiros desenhos onde existe o cunho pessoal do ser que habita um determinado corpo, e ao eliminar determinados elementos que o caracterizam ele começa a ser desindividualizado. O corpo não é o mais importante, mas sim o que habita nele, é isso que mais interessa representar.
Através de 15 desenhos divididos em três painéis, onde o processo criativo passa pela auto representação, e a procura de uma representação corporal expressiva, vai-se dando inicio ao processo de libertação, individualização, desindividualização e intelectualização do ser.
Afinal qual o peso do nosso corpo naquilo que somos?
É um projecto que visa questionar o que somos e a introspecção que fazemos de nós próprios.
Priscilla Carbone /
Paolo Paggi
Que CORPO é esse, ou de quando meus poros escorrem COR... - Exposição e Performance
De 07 a 15 de Novembro 09
Este trabalho começou em Abril de 2009, partindo da situação do desenho da figura humana e desde então têm surgido questões, reflexões e vontades sobre o movimento-corpo-desenho.
Nas primeiras sessões deixamos o espaço aberto para ver o que surgiria dos próprios encontros. Como estou hoje? Como está meu desenho hoje? Posar e desenhar. Desenhos rápidos. Corpo nú. Corpo que dança. Papel que regista. Linhas que pulsam. O que me sustenta quando estou numa pose? Onde no corpo eu busco estes apoios? Como eu me reconheço? O que eu reconheço de mim neste desenho? O que sou eu e o que é ele no meu desenho? O que estou representando, uma presença ou um corpo? O que eu desenho é a representação da percepção do que eu vejo? Juntamente com essas perguntas, procuramos nos desvencilhar do padrão do desenho, usando outras partes do corpo que não estivessem mentalmente codificadas, tais como a mão esquerda e boca, para ver como cada uma destas partes registam.
Ao fim de três meses de investigação a dois, abrimos as portas das nossas sessões para quem quisesse participar, criar, dar feedback, perguntar, bisbilhotar.... Para o público, foi colocado como regra do jogo escolher quatro formas de estar, eram elas: fotografar, desenhar, posar e escrever. Com isso, nos surgiu novas questões: Até que ponto a imagem a ser desenhada a acompanha os esforços do corpo? O que me move a escolher um modo de representar a outro modo? Posso desenhar da mesma forma como eu dançaria uma sensação? Como eu posso te representar só com o meu corpo? O corpo pode representar algo objectivo? O desafio da estética, como influencia no trabalho de pesquisa do corpo?
Com a exposição Que CORPO é esse ou de quando meus poros escorrem COR, o público será convidado a ouvir, ler, ver e estar presente com as questões que levantadas durante este período. Escritos, desenho e fotografias de pessoas que transitaram por nossas sessões abertas contaminam o espaço quotidiano do Braço de Prata. Vozes gravadas durante as sessões revelam estados corporais e lançam questões sobre a representação. O material exposto não apenas regista o nosso percurso, como também possui existência artística por si só. Além do registo, eles propõem uma reflexão, um olhar e uma forma de estar. Além da própria exposição propomos quatro sessões abertas onde o público poderá participar desenhando, fotografando, posando, escrevendo, ou perguntando. Cada sessão partirá de um tema presente na exposição, como fio condutor das discussões presentes em cada uma delas, que serão coordenadas pelos seus idealizadores.
Paolo Paggi e Priscilla Carbone
Através de 15 desenhos divididos em três painéis, onde o processo criativo passa pela auto representação, e a procura de uma representação corporal expressiva, vai-se dando inicio ao processo de libertação, individualização, desindividualização e intelectualização do ser.
Afinal qual o peso do nosso corpo naquilo que somos?
É um projecto que visa questionar o que somos e a introspecção que fazemos de nós próprios.
Acções na FBP
8 Novembro, 11 e 15 de Novembro - 19h30
Performance Art
Encontros à volta da performance
Início Dia 18 de Novembro 09, 22H (todas as 3as quartas-feiras do mês)
«Hoje, a Arte da performance reflecte a velocidade inerente à indústria das comunicações, mas é também um antídoto indispensável para o efeito de alienação provocada pela tecnologia. É a própria presença do artista performativo em tempo real, «a suspensão do tempo» pelos performers ao vivo, que confere a este meio de expressão uma posição central. De facto, essa «vivacidade» explica também o interesse do público que acompanha a arte contemporânea nos novos museus, onde o envolvimento com artistas em carne e osso é tão desejável quanto a contemplação das obras de Arte.»
«A Arte da Performance do Futurismo ao Presente» por Roselee Goldberg, edições Orfeu Negro , pag. 281
A Fábrica de Braço de Prata iniciará a partir de Novembro, todas as 3as Quartas-feiras do mês, um programa regular focado na performance enquanto enquadramento e questionamento artístico, visando incentivar a prática e fruição desta expressão em tempo real.
O Homem vive e convive com a sua consciência através do corpo, através do encontro com o corpo; o corpo é uma espécie de primeira ferramenta comum.
A performance serve-se também de diferentes estratégias para dar forma e ir ao encontro do outro, o outro se pensado como o espectador, é entendido nas práticas de performance muitas vezes como parte activa da totalidade do acontecimento apresentado.
Na performance várias disciplinas podem cruzar-se; é a experiência vivida, o processo ao vivo, que parece adquirir grande importância; o corpo é o elo para um lugar de questionamento, onde a fisiologia é o derradeiro limite.
Lugar de encontro, a Fábrica de Braço de Prata dará a possibilidade de dar visibilidade à prática da performance e à sua fruição por parte de um público variado.
O programa terá essencialmente 3 linhas orientadoras:
-Vocacionadas para praticantes experimentados nacionais e internacionais que procuram um espaço fora do establishment.
-Dar possibilidade a iniciantes de ter um público e interlocutores que o possam ajudar.
-Fomentar a prática da performance, a documentação e a construção teórica de maneira a tornar acessível este tipo de expressão.