“Os Suspeitos” - Outubro 10

“Não fiques assim tão longe” 
Colectivo - Fotografia
(7 de Outubro a 28 de Novembro)

Após algum tempo a trocar ideias, emoções e afectos, um grupo de novos autores no campo da Fotografia decide constituir-se num colectivo e organizar uma exposição. Uma exposição onde cada olhar tocaria o olhar do outro, contribuindo não apenas para uma leitura colectiva de um corpo de imagens, mas essencialmente para uma partilha, uma troca, uma entrega de si, num tempo em que normalmente poucos se atrevem a sair do lado de fora. Num tempo em que as imagens são, cada vez mais, imagens de imagens.

Outubro e Novembro, na Fábrica, são meses para reflectir e trocar experiências. Meses em que a Fotografia desafia a (des)construir algo mais. Meses para não ficar retido no lado de fora. Tempo para não ficar tão longe.

Existirá algo no interior da realidade que mereça mais do que um breve comentário? 

Existirá algo no interior da realidade que instale a dúvida, o medo, a inquietação, o desejo, a volúpia, ainda algum espanto, e outros tantos adjectivos e substantivos relacionados?

Sim. Suspeitamos.


Os suspeitos são:

Gualter Franco, Helena Castro Esteves, Hugo Rodrigues Cunha, Isaac Pereira,  João Gaspar, João Miguel Baptista, Maria Lopes, Rui Velindro e Vera Bello.

apoios




Gualter Franco

Sendo a intimidade normalmente ligada aos espaços privados e reservados, notei que em certos contextos, também se podia encontrá-la no espaço público. Os momentos captados denotam uma certa contemplação, retiro, interioridade que o local proporciona. “A intimidade no espaço público” foi então o ponto de partida para o meu registo fotográfico.





Helena Castro Esteves
Exponho o que, para mim, representa a intimidade: a sua relação com a câmera, a sua terapia e autodescoberta.
A intimidade somos nós que a criamos para impor uma separação entre a realidade e a nossa privacidade, entre o que queremos dar a conhecer e o que só pode ser visto por alguns.  




Hugo Rodrigues Cunha


SER




Isaac Pereira
Partida
Eu e tu. Uma partida é sempre um eterno retorno. Uma fortuna e um trabalho, depois de abdicar. Partir: fazer um encontro possível. Dar-se na mão do outro, entregar-se no olhar do outro, para tentar chegar a si.  




João Gaspar
Surrealizado, este é o inconsciente que ousa sair para fora, o reflexo da suspeita que me assaltou...



João Miguel Baptista

Tenho dias. Como todos nós tenho dias. São como bonecas russas que se vão retirando umas de dentro de outras até a magia desaparecer. O que fica são histórias e pessoas. Ausências e presenças. Afectos e repulsas. Não sou perfeito e não ambiciono ser. Quero ser apenas EU.



Maria Lopes

O Quarto

É no nosso quarto que somos nós. É esse o lugar mais íntimo de uma pessoa. É o sítio das nossas coisas e dos nossos segredos. 
Nesta reflexão colectiva, propus aos meus amigos e familiares que me deixassem entrar no seu quarto, o partilhassem comigo e o deixassem fotografar. Em troca partilho o meu com todos.



Rui Velindro

Cusco

Vivo num mundo privado, construído através de relações sociais e pessoais. Quando essas relações se tornam escassas, as pessoas viram-se para os objectos. Quanto mais se tem, melhores se acham as pessoas,  ou pelo menos assim pensam, acabando sozinhas com desejos reles, este é o caminho para serem uns meros “cuscos” e passar a sua vida de solidão a observar quem os rodeia, quem entra, quem vai á rua e quais os seus hábitos como se fossem uns detectives contratados, tudo isto na invisibilidade.





Vera Bello
Desta vez, ao contrário, em mil palavras dizer uma imagem. Perguntaram, o que é isso de intimidade? Do que observo parece uma coisa fácil, aleatória, equívocada, barulhenta e cega.Cheia de Pressupostos. Pré-requisitos. Em contacto permanente mas ausente. Onde há nudez mas nada se vê. Quero-a dificil, escolhida, compreendida, ouvida e como uma adivinha certa.Em processo, de progresso. Quero-a sem tempos marcados, lânguida ou voraz, mas soberana.
Absolutizada. No escuro como na luz. Preto no Branco.