ABRIL 2012

Inauguração 04/04 - 19H30 

Exposição 04/04 - 29/04/12


Eunice Salvador 
“Ad instar” - Exposição de Pintura

MEF - Movimento de Expressão Fotográfica
“A cidade podia começar aqui…”- Exposição Colectiva
Carina Figueiredo, Gonçalo Valverde, João Fernandes, José Simões, Liliana Zuna, Mattia Latini, Sara Magno e Sofia Machado Ferreira

Michel Clair 
“Tourisme en solitaire” - Exposição de Fotografia

Patrícia Infante da Câmara & Nuno Almeida 
“Nanossegundos no Feminino” - Exposição de Fotografia


Colectivo BU 
“Work in progress” - Poesia Visual





Continua ao Fim de Semana

Mirjam 
“aero”- Vídeo Instalação



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Eunice Salvador 

“Ad instar” - Exposição de Pintura
O meu trabalho é de e sobre pintura.
A partir de um exercício contínuo de exploração dos limites da pintura e do desenho, desenvolvo um trabalho envolto em sensações, técnicas e gramáticas específicas. Durante o fazer das coisas, existe uma constante procura de novas modalidades de percepção e representação da realidade. 
Utilizando a gramática da pintura, interessa-me explorar as diversas formas como os nossos corpos vivem determinadas realidades. Sem tomar muitas decisões, sem qualquer programa prévio que necessite cumprir, pois não tenho propriamente um método de trabalho, as coisas acontecem, fazem-se, a partir de encontros e desencontros. Existem infinitas convocações ao nosso corpo, daí a extrema importância das capacidades de intuição, 
atenção e a partir delas uma construção de relações agramaticais em todo o desenvolvimento no próprio fazer.



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MICHEL CLAIR 

“TOURISME EN SOLITAIRE” - Exposição de Fotografias
Un titre : Tourisme En Solitaire, c’est-à-dire, selon le Petit Robert, le fait de voyager, de parcourir pour son plaisir (solitaire ?) un lieu autre que celui où l’on vit habituellement. Il se pourrait bien qu’à délester ainsi les mots de leur poids, on ne veuille amener le spectateur qu’à se frotter au choc des photos. Il se pourrait bien qu’il y ait dans cet euphémisme la même modestie inconvenante et malicieuse que celle qu’exprime Manneken-Pis : tandis que le jet urinaire de Gargantua, dans la générosité de la Renaissance française, fait trembler les cathédrales, le sien, minuscule, se contente de tomber médiocrement dans une vasque coincée entre deux rues, ou encore selon sa légende, d’éteindre un engin explosif ou de railler la prétention des croisés qui, revenant de la croisade, se prenaient au sérieux.
S’il y a une démarche, il n’est pas ici question de voyage au sens strict. Ni pèlerinage, ni croisade, ni promenade, ni déambulation, ni même flânerie surréaliste, mais dérive. « La dérive se présente comme une technique du passage hâtif à travers des ambiances variées », nous dit le situationniste. La pratique de la dérive requiert un renoncement aux motifs habituels du déplacement urbain. Non plus elle ne consiste en un déplacement halluciné : elle requiert une connaissance préalable du milieu auquel on se confronte. Nous sommes donc loin de l’idée du voyage-évasion. S’il y a un laisser-aller, il consiste dans l’expérimentation des effets psychologiques des différentes zones traversées. La dérive relève d’une anthropomorphisation du monde urbain et de ses ruptures. «La dérive, écrit Guy Debord, répondrait plutôt à cette phrase de Marx : «Les hommes ne peuvent rien voir autour d’eux qui ne soit leur visage, tout leur parle d’eux-mêmes. Leur paysage est animé».
Mais comment passer de Guy Debord aux quatre bords du cadre ? Sinon en lui faisant la tête au carré ! Car la photographie ne délivre que peu ou pas de sens. Elle ne récite ni ne relate. Elle réfère peu. Elle est une empreinte photochimique d’un volume de sources lumineuses distantes et localisées, empreintes qui peuvent être éventuellement saisies comme des indices d’objets et d’événements, surtout si elles ont été munies d’index à cette intention. Celui qui pratique ce que Gilles Mora a joliment appelé l’esprit de voyage, a le cadre baladeur qui peut être celui de son viseur avec lequel il joue, ou celui, tout aussi joueur, de son œil formé à la prévisualisation, jusqu’à ce que tout à coup et tout d’un coup, entre ces quatre bords, et à cause de ces quatre bords, quelque chose se tende peut-être et déflagre. Les indices sont alors indexés par le cadre et dans le cadre.
Quels sont donc ces indices, ces empreintes, ces traces ? Ici, des traces post-humaines, des spectres, exclus du lieu, de la durée. Des paysages, des traces humaines laissées par le dernier des hommes, le photographe lui-même, le solitaire.
Il y avait la bête et puis l’arbre et puis l’homme
Quand de la terre heureuse se mit à monter
Une rumeur de vague une voix de rogomme
Mais je ne suis plus là pour vous le raconter
Cela a-t-il été ? Es muss sein, cela est ! Voudriez-vous y voir encore la chambre claire de Roland Barthes, dire que la photographie ici se réfère à un référent, qu’elle est une image quand elle est avant tout une empreinte, que vous courriez à la déconvenue de vous retrouver selon l’expression brutale, à côté de la plaque ! Oui, la photographie est une boîte noire, un mystère, sans savoir jamais trop ce qu’elle nous ménage entre l’entrée et la sortie ! En silence, sans verbiage, voyez plutôt l’anti-chambre claire, l’antichambre Clair… Moi, je délaisse le poids des mots pour ne vous laisser que le choc des photos !
Chris Talldark 2012

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Patrícia Infante da Câmara 
& Nuno Almeida

“Nanossegundos no Feminino” 
- Exposição Colectiva de Fotografia
«Mulheres: gostava da cor das suas roupas; do modo como andavam; a crueldade de alguns rostos; de quando em quando, a beleza quase perfeita dum rosto, encantadoramente feminino.» 
in Mulheres, Charles Bukowski, 1978
A narrativa neste conjunto de fotografias percorre e desafia, a espaços, a dicotomia entre a crueldade e a beleza encantadora, associada a uma imagética do feminino onde as formas e os contornos se esbatem numa atmosfera nebulosa ou, amiúde, se evaporam ou deixam absorver pela escuridão envolvente.
A monocromia carregada, um ponto de focagem suave e difuso, texturas que, mais do que adornar, integram de forma activa o enquadramento e condicionam toda a composição: tornam-se elementos orgânicos com os quais se ensaiam, juntamente com os humanos, estas experiências de aproximação às noções de movimento e a uma certa abordagem escultural da figura feminina.
Nanossegundos do quotidiano são imortalizados nesta visão particular do universo feminino, partilhada pelos dois autores, num acto inconsciente que dilui as barreiras da realidade e trespassa o ponto de origem de cada peça. Rompem-se e esticam-se as fronteiras da formalidade, numa celebração à clareza que nasce do caos e que norteia tanto o método quanto a inspiração mútua que ambos partilham, nos dias e nos sonhos.





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Colectivo BU

“Work in progress” - Instalação/Site Specific
Ao travar conhecimento com este espaço, surgiu-nos a ideia imediata de o trabalhar como algo contínuo, onde ao longo do tempo construiremos um projecto e uma relação crescente e envolvente com quem passa. Assim, este será, sobretudo, um lugar de experimentação.
Esta experimentação relacionar-se-á e terá por base a palavra. Tal como o espaço que nos propomos a ocupar, quase sempre relegado a não lugar, lugar de passagem, também as palavras são geralmente consumidas dessa forma. Estas são sempre tratadas como meio e raramente como fim. Desta forma, transformando a sala continuamente, devolvemos, a ambas, o protagonismo merecido.
Neste espaço dedicado à experimentação desenvolveremos constantes jogos de palavras, procurando sensibilizar quem passa para a sua imensa plasticidade e versatilidade.
A palavra será apreendida através de todos os sentidos. Será um work in progress de uma relação estreita entre palavras, sentidos e quem passa.
Através de diferentes projectos, que no final se tornam um só, tentaremos que os cinco sentidos sejam multiplicados em tantos quantos a imaginação construa neste espaço sensorial.
Tal qual a palavra, nós apenas forneceremos a faísca inicial para um viagem que se promete memorável.


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MEF - Movimento de Expressão Fotográfica
Marvila - Fotografia Documental
Organização e Coordenação Luís Rocha e Tânia Araújo - Exposição Colectiva
Carina Figueiredo, Gonçalo Valverde, João Fernandes, José Simões, Liliana Zuna, Mattia Latini, Sara Magno e Sofia Machado Ferreira
Pode-se considerar fotografia documental a que constitui uma relação com a realidade, a que documenta as condições e o meio em que se desenvolve o homem, tanto de uma forma individual como social.
Com base nesta ideia, o Movimento de Expressão Fotográfica – MEF lançou o Workshop de Fotografia Documental com Laboratório Fotográfico de Preto e Branco, que pretendeu afirmar-se na vertente da investigação, da recolha, da edição e da divulgação da memória colectiva.
“A cidade podia começar aqui” é um trabalho documental sobre Marvila realizado por 8 fotógrafos que apresentam um conjunto 55 imagens a preto e branco realizadas no formato de 35mm.

Movimento de Expressão Fotográfica

A cidade podia começar aqui…

Vamos embarcar na ilusão e imaginar que era em Marvila que Lisboa começava: nas casas ainda baixas, nas hortas urbanas, na tasquinha a que a dona gosta de chamar café, na casa do povo onde não se esquece o nome de ninguém, na feira onde se vendem santos e balões e se passeiam senhoras e ladrões. Quem passa por Marvila, com os olhos do passageiro do 28, não vê para além dos prédios opacos e indistintos, dos contentores empilhados e dos armazéns há muito devolutos.

É, por isso, sempre preciso ir para além do caminho mais percorrido, que nos permite ver pequenos mundos através de uma película de 35 mm.
Em mais uma viagem foto-documental do Movimento de Expressão Fotográfica – MEF, embarcaram 8 fotógrafos do Workshop de Fotografia Documental com Laboratório Fotográfico de Preto e Branco que tentaram, com este trabalho, estabelecer uma relação descomprometida e isenta com alguns aspectos de Marvila, quer individuais quer colectivos, recolhendo provas sobre uma realidade que desaparece e ressurge, ao ritmo de um tempo que não parece mais ser o seu.

Pretende-se, com este conjunto de 58 imagens a preto e branco realizadas no formato de 35mm, contribuir para a divulgação da memória colectiva desta freguesia, captando editando e divulgando um trabalho que representou, para cada um, a descoberta de inesperados microcosmos de significado pessoal. A cidade podia mesmo começar aqui…
A Tasca

Carina Figueiredo

No emblemático edifício do Abel Pereira da Fonseca, no Poço do Bispo, sobrevive uma tasquinha à moda antiga, onde todos se conhecem, onde todos são bem-vindos. E gente nunca falta, ora para beber um penalti, ora para comer uma patanisca! E por trás do balcão de pedra a Dona Anabela e a Dona Aduzinda sempre prontas para se “meterem” com quem por lá passa.

Hor(t)as

Gonçalo Valverde
Mais que um local de cultivo, as Hortas Urbanas do vale de Chelas são um local de passagem e de paragem, de estar e sentir. Passagem de transportes, passagem de estações, passagem de pessoas e de horas.
Muitos passam diariamente por aqui, de metro, carro, comboio, sem sequer verem este aparente paradoxo de uma horta na cidade.
Ou observam o paradoxo entre a mascote do fast food num local paradigmático do slow food.
Mas o microcosmos que aqui se alberga, muito mais rico que o que uma visão externa permite vislumbrar, apenas se abre a quem se aproxima e quebra a barreira do desconhecido.
Descobre o convivio e a simpatia, descobre a pão a ser cozido de maneira tradicional num forno de lenha, o cultivo da cana de açucar em plena capital europeia, o cruzamento de culturas africanas e do interior português.
Descobre acima de tudo a passagem das horas como que numa fuga a uma urbanidade que já nada tem para dar a muitos dos que aqui ocupam o seu tempo.


Feira do Relógio

João Fernandes
A emblemática Feira do Relógio realiza-se todos os domingos entre o supermercado Feira Nova, em Chelas e a Av. Marechal Gomes da Costa.
Nela pode comprar-se de quase tudo. E parece nunca existir um momento morto quando a visitamos.



Graffiti na Fábrica

José Simões
Por de trás dos muros de sempre revelam-se imagens novas, que se inscrevem nas superfícies irregulares que circundam a Fábrica. Traços múltiplos, e à primeira vista desorganizados, conferem às paredes anódinas um sentido artístico inusitado, num caleidoscópio de cores que se impõe mesmo aos mais distraídos.
Algumas imagens são reconhecíveis, outras nem tanto, fazendo apenas sentido para quem decidiu, mesmo que temporariamente, deixar a sua marca neste lugar.
jav.simoes@gmail.com

A Casa de Castro Daire

Liliana Zuna
A Casa de Castro Daire, de portas abertas desde 1991 em Marvila, é a proposta para se reunirem os conterrâneos deste Município e todos aqueles que queiram descobrir ou redescobrir a cultura deste lugar. Nas suas actividades, transportam e divulgam os seus interesses, as suas memórias e não faltam abraços e conversas saudosas de quem partilha da mesma “casa”. Nas festas, a propósito da confraternização, aos ranchos que não deixam a voz calar, é a celebração da tradição e costumes que aqui se faz num espírito aberto e absolutamente contagiante.



Lisbona, esplorazioni suburbane

Mattia Latini
Tende, preventivamente, a excluir-se a existência de lugares fotograficamente interessantes nas periferias populares. Este trabalho nasce de uma exploração suburbana que teve como único objectivo testemunhar e documentar uma realidade alheia ao roteiro turístico típico de uma capital europeia. Uma tentativa de descrever a identidade de uma cidade através um lado mais intimo e escondido. Assim nasce o turista das periferias.


O Muro

Sara Magno
O Muro é um projecto documental/conceptual realizado em Marvila, Lisboa. Ele pretende ser uma síntese de identidade do local. Marvila é caracterizada por uma forte presença de vilas operárias que estão em extinção, mas esta característica ainda marca a arquitectura e a própria identidade das pessoas que lá vivem. O Muro representa esse lado operário, por isso, este é o elemento fixo desta série fotográfica, o pano de fundo ou o cenário para os rostos de Marvila.



Marvila 28

Sofia Machado Ferreira
Longe do observador, à distância de um disparo, emergem cenários à espera de alguém que os transforme em imagens de um mundo do qual só se adivinha a cor. Viajar pela paisagem tingindo a realidade, faz parte do fascínio do acto de fotografar, de transferir para o papel uma parte do que se imaginou. A vida, através do vidro do 28, surge como matéria-prima em bruto que se deixa capturar na justa medida da ousadia de quem não transpôs os limites de uma janela.


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Continua
Mirjam 
“AERO”- Vídeo Instalação
AERO - uma performance de video art, por Mirjam e João Madeira.
«O que não pode ser nomeado, o que move tudo, o que cria. Procuramos o que se revela nesta criação: Aero.»

Aero é aquilo que nao pode ser capturado em palavras, conceitos. É o que move tudo.
É como o som, a música - a força unificadora do Aero, que, como uma obra de arte, se revela em muitas e diferentes formas.
E que, em si mesmo, não tem forma, como um jogo entre o ar e a água, os dois elementos através do qual o som viaja dentro e fora de ti, transformando o ar, a atmosfera em teu redor, e o mundo que trazes dentro.
Todo o movimento que a obra de arte Aero mostra é movido por algo que não podes ver.
Como nós próprios, Aero parece estar à procura da forma a dar ao que está presente.
Mas nunca se realiza, ficando sempre num estado e num jogo da forma, na ausência de uma forma, ou de todas.
E, ao contrário de nós, torna-se mais e mais gracioso ao longo do caminho.