Fevereiro 2011



Maria Lopes


“Mulier” - Fotografia





Roxana Popelka


“El Deshaucio” - Fotografia
Sofia Monteiro
“Somos feitos de água” - Fotografia
Reis Cancela
“Losing Control, em português Tumulto” - Fotografia
Teresa Huertas
“Journey’s End” - Fotografia
Cristina Oliveira
“The white dress project” - Fotografia

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Maria Lopes
“Mulier” - Fotografia
Mulier é o registo feminino da minha família. Atravessando diferentes gerações, estes retratos procuram os traços e as expressões que se repetem no tempo. São fotografias que falam da cumplicidade da vivência do dia-a-dia, do olhar que só se lança a quem se conhece no íntimo de uma casa. São fotografias do quotidiano, dos encontros aos “domingos” mostradas como as vemos em casa.
Mulier é um auto-retrato com as Mulheres da minha família.




Roxana Popelka
“El Deshaucio” - Fotografia

El desahucio forma parte de una propuesta artística basada en la utilización de la fotografía y la performance (foto acción).
El punto de partida lo constituye el tema de lo habitacional como testimonio. En este caso, las doce fotografías que componen el proyecto, se han tomado en una de las viviendas deshabitadas que fueron propiedad de una empresa ubicada en Asturias (norte España). Estas viviendas fueron abandonadas súbitamente por sus propietarios (trabajadores de la empresa) al cerrar la misma. 
Con esta pieza, la propia artista como personaje,  documenta lo que fue parte de la casa: las habitaciones, los enseres destartalados e inservibles que fueron abandonados a su suerte. Al mismo tiempo El desahucio se sirve de un texto poético escrito por la artista que transmite el desarraigo experimentado por aquél que abandona el  propio espacio habitado.

Sofia Monteiro
“Somos feitos de água” - Fotografia

Este projecto surge da vontade de experimentar uma abordagem diferente de fotografia subaquática. 
O desejo de explorar os sentimentos que o meio físico, que não o nosso, desperta. 
O corpo sente e, sem rédeas que o liguem à gravidade verticalizante, sem ar que o faça acelerar num fugidio retorno à realidade terrena, expressa a alma intimamente. 
Como se um sopro de eternidade socorresse o apneísta. 
Por breves momentos esquece-se da sua condição corporal e desata em união com o todo.



Reis Cancela
“Losing Control, em português Tumulto” - Fotografia
Losing Control, em português Tumulto é o primeiro trabalho que Reis Cancela apresenta publicamente. É feio e é bonito e será constrangedor emtir opinião sobre o mesmo. Nele mostram-se em imagem fotográfica vestígios genéticos da Avó Celeste que levou aos limites o estado de sítio em que pôs duas casas, e ecos dos reparos do Pai Daltónico e da Mãe Coragem que sempre vaticinaram coisas menos boas se Reis Cancela persistisse na desarrumação dos espaços que ocupava. Reflecte ainda a muito posterior entrada em cena de uma nova personagem na vida de Reis Cancela – o Namorado – que tanto confirma como desconfirma os vaticínios dos 2 progenitores. Neste trabalho, Reis Cancela procura fugir para tão longe quanto possível dentro dos limites do território do ficar. Resulta que na verdade não se move o que é notório no trabalho – o movimento é consequência directa do descontrolo que resulta de alguém não se mexer. A captação das imagens aconteceu perto do momento do desarranjo no aparelho digestivo. Este trabalho será uma das consequentes diarreias.









Teresa Huertas





“Journey’s End” - Fotografia

Num território limiar entre a ficção e a realidade, a memória individual e a memória colectiva, o Eu e o Outro, o privado e o público, cria-se um espaço de representação, que convoca elementos da cultura e do imaginário popular, num exercício de subversão de coordenadas e limites.
Estamos em lugares silenciosos mas não anónimos, marcados por sinais da história e geografia de um país, onde, pela via da apropriação e da inscrição pessoal, uma viajante, enquanto personagem, constrói efémeras experiências do habitar.
Neste processo, diluem-se as fronteiras entre o passado e o presente, o exterior e o interior, o colectivo e o individual. Criam-se novas identidades e novos lugares, onde se questionam os limites do real.
A fotografia, enquanto medium, tenta assegurar o sentido da experiência e sugerir uma 



dimensão narrativa, que deixa em aberto.
O poema sonoro de Jónas Hallgrimsson (Islândia, 1807-1845), Ferdalok (Journey’s End), dito na sua língua original, é um referente cultural datado que nos poderia situar, mas a sua 



incompreensibilidade remete-nos para a ficção.
É nesta zona intermédia, lugar incómodo, que se pode jogar o jogo da imaginação.

Teresa Huertas









Cristina Oliveira
“The white dress project” - Fotografia
Amniose d’il branco

Uma física redoma o céu, volvido cosmos, à escala da câmara. A imensa e variada fruta está suspensa do azul-negro, os insectos maravedis voltaram ao conforto das artérias cretenses.
O erotismo é um contra-tempo. 
Não se vincula ao pragmatismo ou à fúria da concretização.
O naipe branco dos dentes morde a circunstância sem a impregenar de continuidade.
Está sem programa.
Não trabalha Para.
Está por inteiro Com.
Está.
Em Olimbo.
Fora dos Olimpes.
Sem compe-TIR.
O branco não é o palimpesesto onde prenncher.
É preenchimento.
O corpo é agora uma multidão.
De corpos e frutas.
Estende-se por toda a pradaria celeste como um Princípio veraz.
Cabe no universo do espelho mirado em luxidez.
Não é com as mãos que faço subir as vestes brancas de Cristina O.
AA.Miranda





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Mário Vitória



“Icarus Inside”
Braço de Prata por Mário Vitória

Para o Braço de Prata desenha-se uma exposição de resgate à mitologia, passando pela situação económica contemporânea, pelos bichos-Homens, ao Portugal perdido de horizonte (mar), constroem-se as obras necessárias a uma exposição satírica e sem dúvida conflituosa nos significados que gera.

Assim:
Na sala Deleuze 3 peças sobre Ícaro:

O objectivo deste projecto passa por convidar o espectador a rever aspectos quotidianos através de uma lente mitológica, reeditando a história mitológica de Ícaro.
Este contexto simbólico assume-se, em alguns momentos, revolta ao mundo dos adultos na sua  dimensão mais moralista e educacional que continua a encarar a infância como um processo rápido de transição para uma vida futura. A ânsia de moldar entidades recentes de mundo parece ser uma necessidade e uma estratégia contemporânea de produto.
“O menino Ícaro” fala de um esforço. Amarrado às penas pelo pai,  imagina rodas que não existem estendendo as suas asas. No meio deste engendrar, de reactualizar e subverter mitos ou estórias, manteve-se a arqueologia do traço para a simbologia destes propósitos. Aquela que contorna, marca, sulca e divide.
Queria a “pintura a traços” com o seu título feito de estrangeirismos “Icarus Inside” urrar a quem passa:  para além das asas arranjem-lhe um pára-quedas, mas deixem-no Voar até derreter as suas asinhas, beber a diversidade das águas salgadas e profundas até se afogar, regurgitar aos homens a diversidade dos oceanos ao mesmo tempo que relata os bafos quentes dos céus mais belos da sua atmosfera!
Assim nasceu o esboço para “Icarus Inside”. Uma acção mitológica nos seus três gloriosos momentos: 
fuga, felicidade e tragédia. Nasceu um “não sarcástico” que recusa à tragédia os seus explícitos  moralismos.



Site-specific





Mário Vitória



Na sala Rilke uma pintura sobre tela e pintura na parede:
A proposta de exposição para a sala Rilke segue dentro de duas grandes linhas de pensamento teórico-prático que rege o meu trabalho para o ano de 2011 e parte de 2012: “Escrevendo no verso das folhas” e “O mar português é uma conta que deus não fez”.
Apesar da identidade satírica da especificidade plástica já reconhecida à minha pintura, a proposta conta com a especificidade reconhecida a esta sala do Braço de Prata: Exposição - instalação - experimentação. Por isso algumas peças estão próximas do “diorama”, onde a pintura se confunde/relaciona com o próprio suporte que é a tela.





Janeiro 2011

Mário Vitória
“Icarus Inside”
Paulo Azenha
“Le claqueur des doigts” - Desenho
Carlos Morganho
“Mouraria” - Exposição de fotografia
Paula Abreu
“Sábado, Domingo e outros dias” - Fotografia
Catarina Coelho
Tiago Lança
“TRADUTTORE, TRADITORE!” - Desenho


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Mário Vitória
“Icarus Inside”
Braço de Prata por Mário Vitória

Para o Braço de Prata desenha-se uma exposição de resgate à mitologia, passando pela situação económica contemporânea, pelos bichos-Homens, ao Portugal perdido de horizonte (mar), constroem-se as obras necessárias a uma exposição satírica e sem dúvida conflituosa nos significados que gera.

Assim:
Na sala Deleuze 3 peças sobre Ícaro:

O objectivo deste projecto passa por convidar o espectador a rever aspectos quotidianos através de uma lente mitológica, reeditando a história mitológica de Ícaro.
Este contexto simbólico assume-se, em alguns momentos, revolta ao mundo dos adultos na sua  dimensão mais moralista e educacional que continua a encarar a infância como um processo rápido de transição para uma vida futura. A ânsia de moldar entidades recentes de mundo parece ser uma necessidade e uma estratégia contemporânea de produto.
“O menino Ícaro” fala de um esforço. Amarrado às penas pelo pai,  imagina rodas que não existem estendendo as suas asas. No meio deste engendrar, de reactualizar e subverter mitos ou estórias, manteve-se a arqueologia do traço para a simbologia destes propósitos. Aquela que contorna, marca, sulca e divide.
Queria a “pintura a traços” com o seu título feito de estrangeirismos “Icarus Inside” urrar a quem passa:  para além das asas arranjem-lhe um pára-quedas, mas deixem-no Voar até derreter as suas asinhas, beber a diversidade das águas salgadas e profundas até se afogar, regurgitar aos homens a diversidade dos oceanos ao mesmo tempo que relata os bafos quentes dos céus mais belos da sua atmosfera!
Assim nasceu o esboço para “Icarus Inside”. Uma acção mitológica nos seus três gloriosos momentos: 
fuga, felicidade e tragédia. Nasceu um “não sarcástico” que recusa à tragédia os seus explícitos  moralismos.



Site-specific
Mário Vitória
Na sala Rilke uma pintura sobre tela e pintura na parede:

A proposta de exposição para a sala Rilke segue dentro de duas grandes linhas de pensamento teórico-prático que rege o meu trabalho para o ano de 2011 e parte de 2012: “Escrevendo no verso das folhas” e “O mar português é uma conta que deus não fez”.
Apesar da identidade satírica da especificidade plástica já reconhecida à minha pintura, a proposta conta com a especificidade reconhecida a esta sala do Braço de Prata: Exposição - instalação - experimentação. Por isso algumas peças estão próximas do “diorama”, onde a pintura se confunde/relaciona com o próprio suporte que é a tela.



Paulo Azenha
“Le claqueur des doigts” - Desenho

Todo um repertório poético de Serge Gainsbourg
Que alia o Humor à Inteligência e 
a Subtilidade à Coragem.
Frenético. Mágico. Radioso…
Ela é a musa do Poema 

Paulo Azenha, que se encontra a residir em Paris actualmente, tomou conhecimento do seu legado artístico numa perspectiva de compreender todo o mito e fama em redor da sua pessoa e simultaneamente da sua obra.
Da tentativa de descodificar os seus poemas à paixão pelos seus textos surpreendentes, nem sempre foi um passo fácil ou imediato.
Mas que consolidou uma admiração total e irrefutável por Serge Gainsbourg, o homem artista que viveu a sonhar com a perfeição sonora.
Cada poema ilustrado, representa na íntegra o texto original de Gainsbourg, repetindo-o inúmeras vezes, de forma a construir a Imagem pretendida.
A Mulher é a principal fonte de inspiração e o suporte das inúmeras sensações, expressões e vibrações expressas em cada uma das palavras que compõem os poemas.
Composições originais, todas numeradas cujo nome de baptismo é o mesmo do poema seleccionado.
Serge Gainsbourg foi um talentoso músico francês- cantor e compositor, assinando uma obra virtuosa revestida de diversos ritmos e estilos.
Produziu muitas músicas para filmes e trabalhos que vão do Jazz ao período yé-yé, passando pelo rock ao reggae.
Entre várias mulheres e cantoras que interpretaram as suas composições conta-se a presença de Jane Birkin, Brigitte Bardot, Françoise Hardy, Catherine Deneuve, Juliette Gréco, Vanessa Paradis, entre muitas outras.
Foi também actor e cineasta.
No entanto, o seu maior personagem foi ele próprio.
Viciado irrecuperável em cigarros, álcool, mulheres e versos com temas polémicos, ele coleccionou sucessos, escândalos e amantes durante toda a sua vida.



Carlos Morganho
“Mouraria” - Exposição de fotografia
É impossível resistir e não regressar. Neste bairro há algo que nos agarra e nos faz voltar, sempre com a sensação mágica que estamos a descobrir o mundo todo ao virar de cada esquina. Voltar dia após dia e caminhar pelas mesmas ruas, reencontrar caras conhecidas e descobrir novos amigos, os mesmos mas sempre novos, com a sua infindável palete de cores, cheiros e sons. 
A Mouraria tornou-se quase um vício - e fotografá-la também. Aos poucos torna-se natural, misturamo-nos, conversamos, convivemos e depois de tanto tempo já não somos «um-estranho-de-máquina-em-punho». Este bairro castiço, berço do fado e agora transformado em exemplo de multiculturalidade, provoca-nos a cada passo que damos, com as suas histórias e com a riqueza das suas diferenças.
Por tudo isso, o maior desafio foi mesmo o de contar a história deste bairro, da sua gente, da sua vida e actividades - das procissões à mesquita, das ruas às casas onde nos recebem, das oficinas às tascas - em apenas 24 fotografias. Como é que se faz caber aqui o mundo inteiro?




Paula Abreu
“Sábado, Domingo e outros dias” - Fotografia

Observo a cidade num qualquer dia. Caminho parada e o som do silêncio de pessoas no seu movimento capta a minha atenção. Observo de longe, raramente de perto, para não interferir nas imagens que, as pessoas na paisagem tornam intemporais, em Sábados, Domingos e outros dias. 
Gentes deslocam-se e param e a sua silhueta em movimento ou parada denuncia, como num rosto, uma expressão. Observo as pessoas na cidade e o diálogo do seu corpo com a paisagem que incorporam. Nesse diálogo existem pensamentos e sentimentos, que não escuto, intuo. E como num palco, depois de o pano abrir, o espectador torna-se parte integrante da cena. Já não observo de longe. Pela câmara cavalga a minha alma e sinto o pulsar da vida da cidade num instante intemporal que cristalizo.
Estou parada, caminhando na cidade intemporal pelo rio que a desenha e junto às árvores que a alimentam. O som do silêncio de pessoas no seu movimento fora aquilo que primeiro captara a minha atenção. Depois, parto em movimento, como elas, na cidade, em Sábados, Domingos ou outros Dias. 

Maria Paula Abreu





Catarina Coelho
Tiago Lança

“TRADUTTORE, TRADITORE!” - Desenho

Dois factores complementares deram início ao projecto Traduttore, Traditore!: a vontade de representar Roma como tema e a impossibilidade temporária de a ela nos deslocarmos.
Recorremos, por isso, a um tipo particular de memória imagética: uma colecção de diapositivos do património arquitectónico e escultórico da cidade, imagens cinematográficas e outras referências do classicismo romano.
A opção por estas imagens típicas permitiu-nos limitar o material a um conjunto finito de elementos, assim como introduzir no trabalho uma especificidade qualitativa do tempo a que remontam as imagens.
Num primeiro momento de experimentação procurámos expressões latinas que se adequassem ao contexto visual escolhido, intervindo em simultâneo no suporte: um desenhava, outro inscrevia. Do eco dessas palavras, cuja presença tantas vezes nos passa despercebida, foram surgindo títulos, novas direcções e propostas visuais.
O processo consistiu numa operação de tradução cujo resultado é um exercício de desenho em que pequenas traições transformam o referente e o modo como ele é entendido.

Sufficit

Em Sufficit, uma das séries de desenhos que integram este projecto, anotámos elementos e omitimos os espaços em que estavam inseridos: as nuvens delimitam as arestas do corpo arquitectónico; as linhas do pavimento e as demarcações dos passeios flutuam para assinalar o chão; a ausência do fuste denuncia o capitel; o plinto invisível sustenta a estátua.
Ao gravar a superfície deixámos que o vazio manifestasse a sua austeridade. Optámos por uma representação que não pretende ser um entendimento universal ou totalizador mas sim um mapa volúvel, feito de sugestão e investido do carácter da possibilidade. É a essa possibilidade, que o suporte e a linguagem do desenho concedem, que nos dirigimos.